
Acho que foi no ano de 2019 que eu comecei a pensar na hipótese de ter um Mentor para minha carreira jurídica.
Eu me formei em Direito em 2017 e comecei a trabalhar no ASAAS, como advogada.
No primeiro ano, fui desenvolvendo algumas habilidades relacionadas ao Direito propriamente dito, com o cotidiano de uma Advogada Corporativa. Depois, passei a me envolver mais em reuniões, a aprender com funciona a política no ambiente de trabalho e, em sequência, assumi o desafio de gerenciar pessoas.
Foi aí que eu pensei que, muito além do suporte que eu tinha com o pessoal do meu trabalho, eu gostaria de ter um Mentor externo para me auxiliar na minha carreira, para me orientar e compartilhar experiências, pois acreditava seria importante para o meu desenvolvimento pessoal.
Pois bem, não foi muito difícil achar um Mentor qualificado e, apesar de estarmos a mais de 4.000 quilômetros de distância, termos 30 anos de diferença, ele ser referência no âmbito da Indústria enquanto eu trabalho em uma Startup, ele formado em Engenharia e eu em Direito, tenho que foi uma decisão muito acertada!
É claro que as realidades são diferentes e que a cultura que experimentamos também são dissemelhantes, mas as dicas que recebo são valiosas e tento sempre adaptar para o meu dia a dia e tenho certeza que ele, tendo passado por vários aspectos pelos quais eu passo agora, tem muito a compartilhar e também a aprender, já que a geração Y já é atuante no ambiente de trabalho.
Em época de home office e considerando que muitas pessoas estão buscando informações e querendo se atualizar, assumindo novos desafios ou em fase de transição de carreira, resolvi compartilhar três lições que eu aprendi com o meu Mentor para quem quiser se inspirar e pensar em encontrar um Mentor para chamar de seu!
A primeira delas é relacionada a aprendizagem: Em qual ambiente da sua vida adulta você acredita que mais aprende após iniciar um emprego? Seria nas horas que você se dedica a uma atividade após o trabalho? Nos cursos adicionais que você faz? Ou você simplesmente parou de aprender coisas novas e segue com os conhecimentos que já adquiriu?
Pesquisas indicam que, quando adultos, o lugar em que mais aprendemos é no nosso próprio ambiente de trabalho e que devíamos investir cerca de 70% do nosso tempo em aprendizagem no ambiente laboral (por meio dos desafios que assumimos, responsabilidades que carregamos e ambições que temos).
Assim, a primeira lição a que aprendi com o meu Mentor é o mapeamento de como você investe seu tempo para aprendizagem e desenvolvimento de uma carreira por meio da Metodologia chamada 70:20:10.
Confesso que eu nunca tinha ouvido falar sobre isso, então foi muito interessante pesquisar sobre a metodologia e tentar aplicar no meu dia a dia.
Hoje eu faço uma planilha onde indico a minha experiência no trabalho por meio da seguinte divisão de tempo:
- 70% das minhas atividades tento relacionar com o “On the job learning”, ou seja, tudo que faço relacionado a desafios rotineiros, decisões que tomei, responsabilidades que assumi, minhas principais reuniões, métricas e procedimentos, ou seja, tudo que eu aprendo dentro do ambiente de trabalho;
- 20% refere-se a aprendizado que tenho com os outros, ou seja, como eu aprendo com pessoas diferentes da minha área de atuação ou que possam servir como referência para mim. Aqui eu geralmente invisto meu tempo em Comissões de Direito, reuniões com pessoas de diferentes posições hierárquicas, palestras, ou até mesmo por meio de benchmarks. Os 20% referem-se ao tempo que preciso investir para aprender com os outros.
- 10% do meu tempo eu destaco para investir na minha educação formal: o que ocorre por meio dos livros que eu estou lendo, cursos realizados e onde eu investi dinheiro para meu crescimento pessoal/profissional etc.
Às vezes chego a mostrar a minha planilha de acompanhamento, com tudo que tenho trabalhado/estudado, para o meu gestor na empresa para que ele possa saber onde eu invisto o meu tempo, quais são as reuniões participo, quais meus desafios e como ele pode me auxiliar em relação ao meu crescimento dentro da organização. Essa metodologia também me lembra de validar se eu estou investindo bem o meu tempo e onde eu posso melhorar.
Eu poderia escrever um artigo apenas sobre 70:20:10, mas essa é a primeira dica. Verifique como está seu aprendizado, será que os seus dias no trabalho são desafiadores? O que você pode fazer para ir além e o que seria interessante estudar para alcançar seus objetivos? Tenho plena convicção que é uma ótima metodologia de acompanhamento a longo prazo.
Em sequência, lembro que uma das outras grandes lições que aprendi foi em um dia que eu não estava me sentindo muito produtiva, talvez cansada com o ritmo acelerado ou reflexiva sobre algum acontecimento. Foi nessa ocasião que meu Mentor falou, você já ouviu falar em Gemba Walk? Bom, confesso que também era um conceito que eu não estava familiarizada, mas significa, em breve palavras, deixar por um momento a sua rotina diária e ir até o local onde o trabalho “acontece”.
Eu muito facilmente poderia chegar na minha mesa de trabalho, sentar e trabalhar por inúmeras horas ininterruptas resolvendo questões jurídicas, mas sei que é preciso ir além. Ter uma visão sistêmica do local que você trabalha vale muitos pontos e, às vezes, tudo que é necessário é você tirar um tempo para levantar, dar uma caminhada, ir em outros Departamentos da empresa, conversar com outras pessoas, verificar se estão passando por algum problema e, da sua maneira, tentar achar uma solução ou, pelo menos, pensar a respeito.
Parece simples, mas é muito funcional. Agora eu tenho o hábito de entrar pela empresa por lados diferentes, passar por outros Departamentos, dar uma “caminhada” para enxergar além do meu mundo, é uma prática muito recomendável para “sair fora da caixa”.
Por fim, uma outra questão simples que aprendi com o meu Mentor e que tenho usado muito é a técnica de Refrasear quando necessário. Já aconteceu de alguém te pedir alguma coisa e você não entender nada? Ou ter participado de uma reunião em que você quer revisar uma opinião? Ou você ter explicado algo para alguém e parece que não ficou bem entendido? É simples, pegue a frase ou explicação que alguém fez para você e explique com as suas próprias palavras, exteriorize o seu entendimento para ver se é isso mesmo e não ocorrer nenhum mal entendido ou, em outra hipótese, peça para que a pessoa explique qual foi o entendimento dela sobre o assunto para alinhar os pontos faltantes. Interessante, não é?
Pois bem, no fim dessas dicas o que eu tenho para dizer é que se você tem dúvidas sobre se é válido ter um Mentor, eu acredito realmente que sim. É muito legal ouvir o que outra pessoa tem a dizer e sobre experiências anteriores e mesmo que, em um primeiro momento, pareça que os ensinamentos não tem nenhuma relação com a sua atividade, é sempre possível aprender algo (é questão de querer)!
No meu caso, meu Mentor também é meu Pai, que mora em Manaus e desde que eu me lembro trabalhou gerenciando empresas e pessoas, sendo um ponto de referência para mim. Então, você não precisa procurar um Mentor do “mercado” ou “famoso”, tudo que você precisa é achar alguém que te inspira e que tenha algo a ensinar. Sempre há aqueles que estão dispostos a ensinar e aqueles que estão dispostos a aprender!
Por fim, agradeço ao @Ettore pelos ensinamentos de sempre, seguimos firmes pois temos um longo caminho pela frente. No mais, espero que algumas dicas possam ter sido interessantes para vocês, assim como foram para mim!

Thaís Consiglio
Acompanhe minha jornada no Instagram e LinkedIn. Com mais de 10 anos de trajetória profissional, comecei no Direito com destaques nas áreas de Direito Civil, Empresarial e Regulatório. Hoje, meu foco está na atuação estratégica e inovadora no mundo corporativo, onde utilizo minha experiência para direcionar negócios, tomar decisões eficazes e liderar equipes. Meu propósito é construir ambientes de crescimento, respeito e valorização, impactando positivamente tanto pessoas quanto negócios.